seon's diary, book one.
#25082025 – o dia em que fui mãe (?) temporária.
#09092025 – a fama não é para mim.
#30092025 – parabéns pra mim, eu acho...
#03122025 – reflexões de um dia de folga.

25 de agosto de 2025.
achei importante registrar isso porque foi a coisa mais incomum que já me aconteceu — e um tanto irônica também.
eu não sei onde que eu estava com a cabeça quando resolvi aceitar isso. não me lembro quando foi a última vez que fiquei mais do que cinco minutos com uma criança, sem qualquer responsabilidade de suas ações ou de qualquer coisa que falasse para os outros; definitivamente eu não estava preparada para ser babá — ou mãe temporária? — por dois dias.é difícil quando você não tem um bom exemplo de base familiar, pensei que isso poderia acabar com minhas baixas expectativas sobre cuidar de uma criança, ou até me fazer desistir de ser sua responsável. já passei por tantos lares temporários quando era mais nova que toda essa coisa do orfanato de busan me deixou sensível,  vou ter que confessar . porém vi a oportunidade de transformar toda aquela espera em um dia especial para qualquer criança, ou algo perto disso.sooho é um menino de sete anos, muito tímido e muito calado, não tivemos um bom início de dia, parecia não querer participar daquela atividade e acho que estávamos quites porque eu também não queria trabalhar nesse domingo. minha maior preocupação era assustá-lo com nosso ritmo acelerado ou não dar a devida atenção a ele, não queria causar uma péssima lembrança de um dia que poderia ser legal. eu tinha muitas dúvidas, muitas inseguranças e uma completa falta de experiência.será que eu estava parecendo muito mais  mal-humorada  do que o normal? será que isso assustou ele? eu me perguntei a manhã inteira como que eu iria mostrar para o sooho como era incrível trabalhar estando com aquela vibe horrível.eu fiz de tudo para ele se sentir à vontade, até lhe dei o avental grande demais, só para ele se sentir mais pertencente naquele projeto. aos poucos ele foi se soltando e entendendo o ambiente ao redor dele, mas sempre com um pé atrás, eu percebi isso. eu não queria forçar tanto as experiências do trabalho, imagina fazer uma criança anotar pedidos e sair distribuindo cerveja nas mesas... não sou tão inconsequente assim. ele se divertiu me assistindo andar de um lado para o outro, então isso já basta.e na real ele passou um bom tempo na minha cola. mostrei várias áreas do jeong kitchen, mas sooho não saiu de perto de mim, não pareceu tão curioso, mas também não estava alheio, tinha interesse e de vez em quando falava sobre contar para seus amigos como era trabalhar em um restaurante. às vezes cumprimentava alguns clientes mais amigáveis quando me acompanhava pelas mesas, mas a maior parte do tempo deixei ele afastado de qualquer confusão — e dos brutamontes emburrados do dia.levá-lo para a escola hoje também foi algo novo, de repente o menino que mal olhava pra mim agora não queria mais soltar a minha mão, queria mostrar a sala que estudava e até sua carteira. e eu? fiquei com a maior cara de bunda no meio de tanta criança, não sabia como agir ou se precisava falar alguma coisa. nós fizemos um cartaz até que decente na artbox, ele também quis fazer um crachá com seu nome, para dizer que era um  garçom . fiquei com um pouco de vergonha? totalmente. mas ele parecia orgulhoso, então acho que preciso me orgulhar um pouco também a partir de hoje.acredito que no fim nós dois conseguimos completar nossa missão, não foi tão ruim quanto eu imaginei, porém ainda existe uma fissura aqui dentro que me impediu de aproveitar um pouco mais os momentos que dividimos. ele é só uma criança e fico muito feliz de saber que ele gostou de ter passado um tempo comigo, sem olhar para o meu interior. agora fico apenas torcendo para que sooho e as outras crianças consigam uma boa família que os amem e os tratem bem.que o mundo seja gentil pelo menos com eles. 

임화선

im hwaseon.

09 de setembro de 2025.
querido diário,
que merda eu fiz na minha vida passada?
eu já devo ter feito essa pergunta tantas vezes na minha vida atual que já não existe uma resposta concreta, não é possível uma pessoa ser tão azarada nesse ponto, não quero acreditar nisso.(ultimamente venho trazendo muitos momentos inusitados, mas só assim pra eu conseguir escrever aqui.)o shopping está mais movimentado que o normal, e não é (nunca parece ser) no bom sentido. eu vim para busan basicamente pra me esconder, e quando menos espero tem câmeras para todos os lados e repórteres em cima de todos que trabalham naquele buraco, inclusive eu. porra, eu. aparentemente muitos ficaram sabendo do que aconteceu no parque de diversões e agora acham de bom tom insistirem em querer saber sobre os acontecimentos, importunando quem está apenas trabalhando. quando eu acho que estou sendo discreta, vem um bando de estranhos transformar o meu sossego em horas de estresse.eu queria perguntar com sinceridade se eu parecia interessada em uma coisa dessas carregando uma bandeja com seis pratos empilhados e uma porção de copos e talheres prestes a saírem rolando.  não, eu definitivamente não estava interessada. e nem quero falar — já falando — sobre o show de horrores que esse parque me fez passar. exageradamente falando, aquela bomba de máquina de algodão-doce praticamente explodiu na minha cara e tive que deixar meu cabelo de molho pra todo aquele açúcar sair, sem contar na clientela bastante agitada no martelo da força onde fiquei responsável. homens bombados não tem a menor noção do quão constrangedor é ficarem se exibindo do absoluto nada.enfim, a todo momento tenho que desviar de tantas perguntas, de tantos achismos e poucos pedidos, não sei até que ponto eu terei que aguentar antes de cometer alguma loucura. ok, talvez eu pense muito na possibilidade de eu ser demitida, mas isso não diminui a sensação de que cada pessoa que pisa no restaurante esteja querendo saber sobre mim. pode ser um pouco irônico agora que não estou mais envolvida no mundo do entretenimento, não tenho mais a menor pretensão de ser fotografada, de sair em algum site de fofoca ou até ter admiradores. essa é a hwaseon do passado. não gosto de estar o tempo todo sendo vista, de estarem atrás de mim pra me entrevistar (????), só quero fazer o meu trabalho em paz e viver a minha vida.estou parecendo uma fugitiva (ora, mesmo?) evitando todos os menores sinais de jornalistas nos arredores do shopping, até pego o caminho mais longo de volta para casa só para não esbarrar em nenhum ser inconveniente. juro que da próxima vez que enfiarem uma câmera na minha cara eu não vou responder por mim. 

임화선

im hwaseon.

30 de setembro de 2025.
eu acho que tomei uma das piores decisões da minha vida. nenhuma surpresa, certo?
nos últimos dias percebi que não ando com a cabeça muito boa, parece que vivo em constante alerta e isso está acabando com toda a minha rotina. não gosto de trazer esse tipo de problema para os meus diários, não é como se eu quisesse desabafar sobre isso, se eu não falar é como se não existisse, mas acho que preciso deixar esse registro.consegui um bico no misahi às quartas e quintas, nos dias que eu deveria estar aproveitando minha folga completa. tomei essa medida meio drástica para ver se assim consigo juntar dinheiro mais rápido. também virei babá dos gatos da dona aesim, essa mulher trata eles como verdadeiros filhos e eu ainda não estou acostumada com esse tipo de coisa... se eu tivesse conseguindo adotar o meu gecko dos sonhos eu me tornaria uma mãe de pet tradicional?esse é um assunto para outro momento, ainda não superei o fato de ser endividada o suficiente para não conseguir adotar.foi por isso que também aceitei um trabalho de meio período na conveniência da esquina, é um lugar pouco frequentado em certos horários, acho que vou conseguir não pegar pesado fora do restaurante. estou tentando não pensar muito em toda essa mudança de rotina, quero acreditar que são apenas novas experiências e até gosto de ver rostos diferentes a cada dia que passa.com o chuseok se aproximando também não deixo de me sentir meio apática, o feriado será só mais um dia normal. não gosto de lembrar dos momentos que passei com minha genitora ou com minha família adotiva, parece que fui apenas  encaixada em uma foto de família onde não combinava . dramas familiares são tão custosos, não quero nunca mais esse tipo de vida para mim, não sinto falta, não preciso deles, estou exatamente onde o destino — vai saber, né? — quis que eu estivesse.e, bem, hoje é um daqueles dias do ano. não tenho intenção de comemorá-lo, nunca faço isso, não seria a primeira vez que deixo passar... e o que mais eu comemoraria, afinal? parece que fui colocada no mundo como um castigo pelos meus genitores, suportando no lugar deles. então não, não é um dia feliz. mas parabéns pra mim, né? ainda estou viva, suportando, é a única coisa que preciso fazer para ter um pouco de esperança por dias melhores.ainda espero uma mensagem dele, e me sinto muito idiota por causa disso — o sentimento é bem recorrente, aliás. todos os anos é a única coisa que penso quando meu aniversário chega. será que ele vai ligar? será que ele lembra que dia é hoje? será que ele ao menos lembra de mim? não consigo compreender como uma pessoa consegue mudar tanto, não sou o maior exemplo dessa constatação, mas ainda posso julgá-lo.ele me abandonou, e eu nunca irei perdoá-lo. 

임화선

im hwaseon.

03 de dezembro de 2025.
já tem um tempo que não pego isso aqui pra escrever... quase dois meses de longos surtos, frustrações, dores de cabeças, resfriados, presentes e mais algumas coisas boas que deixo guardadas na memória.
tive uma pequena reviravolta na minha vida e talvez eu fale muita baboseira daqui em diante, mas sinto que essa é a primeira vez que estou bem de verdade. claro, ainda tenho uma dívida do tamanho do mundo, mas sinto como se isso não fosse um completo peso, as coisas estão mais leves, posso acreditar em mim mesma um pouco mais e não me esconder em tantas máscaras.dessa vez eu quero preencher essas páginas com algo bom, não combina muito comigo, mas acabo de descobrir um novo lado meu que nem eu mesma estava esperando.  o afeto pode ser bem vindo se eu me permitir sentir.  acho que estou conseguindo me abrir mais, mesmo que pouco, e isso já é um grande avanço. vejo muitos clientes do restaurante me elogiando e dizendo que mudei... pelas expressões deles sei que foi uma boa mudança, ao menos.mas, sinceramente, não sei até quando continuarei sendo tão... abertamente zelosa.o cansaço do cotidiano bastante corrido vem me surpreender quando eu menos espero, mas isso não é importante no momento. o medo da decepção ainda é presente, não posso fingir ser forte o tempo todo, eu sei, mas acredito que, se eu ignorar a voz irritante da minha cabeça algumas vezes, vou conseguir traçar um caminho sem tanta desconfiança. coisas ruins acontecem todos os dias — comigo um pouco demais —, não posso controlar isso, assim como também não posso me fechar completamente.engraçado pensar que existe uma trava de segurança na minha cabeça que me impede de dar passos grandes e de me arriscar realmente (e não estou falando dos meus recentes impulsos...), meu coração finalmente está tentando tomar controle do meu corpo e não sei bem se isso é algo bom ou não.vou enlouquecer antes do ano acabar.acho que transformar meus pensamentos em palavras esclarece e muito as coisas... estou até um pouco assustada, eu não deveria me sentir assim, deveria?  tenho medo de que toda essa tranquilidade seja quebrada , é assim que sempre acontece, não sou a pessoa mais sortuda do mundo e isso é algo muito óbvio. essa coisa de coração, mente e corpo ainda vai acabar comigo, sei que vai, mas estarei preparada para o pior. como sempre. 

임화선

im hwaseon.